Traduzir blog

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified
By Ferramentas Blog

Bem-Vindo



Ao ler um artigo, dê um click em + 1 ou compartilhe na sua rede social!!!


quinta-feira, 25 de março de 2010

Humildade e coragem do Papa

Nos últimos dias fomos surpreendidos com casos de pedofilia vindos à luz e dados no seio da Igreja (ocorridos em sua maioria, se pode dizer,  entre os anos 60 e 90),  gostaria tratar então de um fato sumamente importante, a carta, em geral muito bem aceita, do Santo Padre Bento XVI aos católicos da Irlanda pelos escândalos e casos de pedofilia da parte de clérigos aí ocorridos.


Neste artigo o único que quero é fazer um resumo pondo partes importantes dessa carta:

O início:

O Papa inicia falando da preocupação e perturbação que sentiu ao saber desses casos de pedofilia, sobretudo de sacerdotes e religiosos. “Não posso deixar de partilhar o pavor e a sensação de traição que muitos de vós experimentastes ao tomar conhecimento destes atos pecaminosos e criminais e do modo como as autoridades da Igreja na Irlanda os enfrentaram.”

Fala em seguida das reuniões com os Bispos da Irlanda e a busca de soluções e como esperar que estes afrontar a situação com mais determinação e nos dá então o motivo da carta:

“Considerando a gravidade destas culpas e a resposta muitas vezes inadequada que lhes foi reservada da parte das autoridades eclesiásticas no vosso país, decidi escrever esta Carta Pastoral para vos expressar a minha proximidade, e para vos propor um caminho de cura, de renovação e de reparação”.

Diz-nos que esse não é uma coisa que se resolverá em pouco tempo e que “é preciso perseverança e oração, com grande confiança na força restabelecedora da graça de Deus”.

Segue dizendo para os fiéis não esquecerem o a rocha com que são talhados, ou seja, a fé vigorosa vivida por irlandeses anteriores, os santos que deram a Igreja, os missionários nos quais se espalharam e foram responsáveis pela evangelização de outros lugares “que tiraram a sua força e inspiração da fé sólida, da guia forte e dos comportamentos morais retos da Igreja na sua terra natal”. Também ressalta o período de perseguição e a fidelidade daquele povo expressada nos seus mártires, logo passa a quando a Igreja passou a ter liberdade e o bem que aí fez com escolas, universidades, clínicas e hospitais, fundação de paróquias e a quantidade de clérigos que não beneficiaram só a Igreja local dali, mas todo o mundo e a quantidade numerosas que deu sua vida ao próximo através da Igreja.

Passa a seguir aos novos desafios surgidos e como rapidamente se deu uma mudança social, e de como “o programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II por vezes foi mal compreendido e na realidade, à luz das profundas mudanças sociais que se estavam a verificar, não era fácil avaliar o modo melhor de realizá-lo. Em particular, houve uma tendência, ditada por reta intenção, mas errada, a evitar abordagens penais em relação a situações canônicas irregulares. É neste contexto geral que devemos procurar compreender o desconcertante problema do abuso sexual dos jovens, que contribuiu em grande medida para o enfraquecimento da fé e para a perda do respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos.”

Enumera os motivos que contribuíram dessa crise enfrentada:

• “procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa;

• Insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados;

• Uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canônicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa”.

E continua: “É preciso agir com urgência para enfrentar estes fatores, que tiveram conseqüências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto, ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado”.

E pontua a maneira a que se dirige a essas pessoas: “Dirijo-me agora a vós com palavras que me vêm do coração, e desejo falar a cada um de vós individualmente e a todos como irmãos e irmãs no Senhor”.

Discorre sobre o sofrimento dessas famílias e vitimas e de como devem ter esperança e que Cristo os compreende: “Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. Muitos de vós experimentastes que, quando éreis suficientemente corajosos para falar de quanto tinha acontecido, ninguém vos ouvia... É comprensível que vos seja difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos. Ao mesmo tempo peço-vos que não percais a esperança. É na comunhão da Igreja que encontramos a pessoa de Jesus Cristo, ele mesmo vítima de injustiça e de pecado. Como vós, ele ainda tem as feridas do seu injusto padecer. Ele compreende a profundeza dos vossos padecimentos e o persistir do seu efeito nas vossas vidas e nos relacionamentos com os outros, incluídas as vossas relações com a Igreja”.

Dirige se então aos sacerdotes e religiosos abusadores:

“Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos.”

E depois faz um apelo a humildade de reconhecer tudo que foi feito e de ao mesmo trempo reparar os danos e confiar na misericórdia de Deus: “O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus”.

Aos jovens da Irlanda: “A vossa experiência de Igreja é muito diversa da que fizeram os vossos pais e avós. O mundo mudou muito desde quando eles tinham a vossa idade. Não obstante, todos, em cada geração, estão chamados a percorrer o mesmo caminho da vida, sejam quais forem as circunstâncias. Todos estamos escandalizados com os pecados e as falências de alguns membros da Igreja, sobretudo de quantos foram escolhidos de modo especial para guiar e servir os jovens. Mas é na Igreja que encontrareis Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13, 8). Ele ama-vos e ofereceu-se a si próprio na Cruz por vós. Procurai uma relação pessoal com Ele na comunhão da sua Igreja, porque ele nunca trairá a vossa confiança! Só ele pode satisfazer as vossas expectativas mais profundas e conferir às vossas vidas o seu significado mais pleno orientando-as para o serviço ao próximo. Mantende o olhar fixo em Jesus e na sua bondade e protegei no vosso coração a chama da fé. Juntamente com os vossos irmãos católicos na Irlanda olho para vós a fim de que sejais discípulos fiéis do nosso Deus e contribuais com o vosso entusiasmo e com o vosso idealismo tão necessários para a reconstrução e para o renovamento da nossa amada Igreja”.

A todos os sacerdotes deixa claro o sentimento de traição que sentem alguns e como neste momento tão difícil podem sentir-se abandonados e sozinhos ou que podem até mesmo serem culpados por associação,mas lhes anima aos sacerdotes fiéis dizendo que “neste tempo de sofrimento, desejo reconhecer-vos a dedicação da vossa vida de sacerdotes e de religiosos e dos vossos apostolados, e convido-vos a reafirmar a vossa fé em Cristo, o vosso amor à sua Igreja e a vossa confiança na promessa de redenção, de perdão e de renovação interior do Evangelho. Deste modo, demonstrareis a todos que onde abunda o pecado, superabunda a graça (cf. Rm 5, 20). Os convida a obediencia aos bispos, e que sacerdotes e religiosos os exorta “a tornar-vos cada vez mais claramente homens e mulheres de oração, seguindo com coragem o caminho da conversão, da purificação e da reconciliação”.

Aos bispos: “alguns de vós e dos vossos predecessores falhastes, por vezes gravemente, na aplicação das normas do direito canônico codificado há muito tempo sobre os crimes de abusos de jovens. Foram cometidos sérios erros no tratamento das acusações”. Mas que atualmente devem continuar colaborando com as autoridades civis como lhes compete e aplicar o Direito canônico de modo total e imparcial.

“O povo da Irlanda espera justamente que sejais homens de Deus, que sejais santos, que vivais com simplicidade, que procureis todos os dias a conversão pessoal. Para ele, segundo a expressão de Santo Agostinho, sois bispos; contudo estais chamados a ser com eles seguidores de Cristo (cf. Discurso 340, 1). Exorto-vos portanto a renovar o vosso sentido de responsabilidade diante de Deus, a crescer em solidariedade com o vosso povo e a aprofundar a vossa solicitude pastoral por todos os membros da vossa grei. Em particular, sede sensíveis à vida espiritual e moral de cada um dos vossos sacerdotes”. Os convida a fidelidade e ao exemplo e que também os leigos devem fazer parte da vida da Igreja.

Dirige-se a todos os fiéis irlandeses falando da importância do encontro pessoal com Cristo, na comunhão com Cristo e que daí surge uma verdadeira vida na Igreja e que “é com profunda preocupação por todos vós neste tempo de sofrimento, no qual a fragilidade da condição humana foi tão claramente revelada, que desejei oferecer-vos estas palavras de encorajamento e de apoio. Espero que as acolhais como um sinal da minha proximidade espiritual e da minha confiança na vossa capacidade de responder aos desafios do momento atual tirando renovada inspiração e força das nobres tradições da Irlanda de fidelidade ao Evangelho, de perseverança na fé e de firmeza na consecução da santidade. Juntamente com todos vós, rezo com insistência para que, com a graça de Deus, as feridas que atingiram muitas pessoas e famílias possam ser curadas e que a Igreja na Irlanda possa conhecer uma época de renascimento e de renovação espiritual”.

Aqui chegamos então em um ponto pouco tratado quando jornais e demais meios de comunicação transmitiram a notícia desta carta, os pontos de renovação eclesial, “iniciativas concretas para enfrentar a situação assim sinala o Papa:

• “Dedicar as vossas penitências da sexta-feira, durante todo o ano, de agora até à Páscoa de 2011, por esta finalidade,

• Ofereçais o vosso jejum, a vossa oração, a vossa leitura da Sagrada Escritura e as vossas obras de misericórdia para obter a graça da cura e da renovação para a Igreja na Irlanda. Encorajo-vos a redescobrir o sacramento da Reconciliação e a valer-vos com mais frequência da força transformadora da sua graça,

• Particular atenção à adoração eucarística, e em cada diocese deverão haver igrejas ou capelas reservadas especificamente para esta finalidade. Peço que as paróquias, os seminários, as casas religiosas e os mosteiros organizem tempos para a adoração eucarística, de modo que todos tenham a possibilidade de participar deles.

Com oração fervorosa diante da presença real do Senhor, podeis fazer a reparação pelos pecados de abuso que causaram tantos danos, e ao mesmo tempo implorar a graça de uma renovada força e de um sentido da missão mais profundo por parte de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.

Tenho esperança em que este programa levará a um renascimento da Igreja na Irlanda na plenitude da própria verdade de Deus, porque é a verdade que nos torna livres (cf. Jo 8, 32).

Anuncia a visita Apostólica que se dará naquele país, visita apostólica quer dizer que o Papa vai enviar como emissários, para visitar seminários, colégios católicos, dioceses e paróquias daquele país, uma espécie de auditoria e também haverá uma missão a nível nacional.

“Neste Ano dedicado aos Sacerdotes, recomendo-vos de modo muito particular a figura de São João Maria Vianney, que teve uma compreensão tão rica do mistério do sacerdócio. «O sacerdote, escreveu, possui a chave dos tesouros do céu: é ele quem abre a porta, é ele o dispensador do bom Deus, o administrador dos seus bens». O cura d’Ars compreendeu bem como é grandemente abençoada uma comunidade quando é servida por um sacerdote bom e santo. «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o tesouro maior que o bom Deus pode dar a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Por intercessão de São João Maria Vianney possa o sacerdócio na Irlanda retomar vida e a inteira Igreja na Irlanda crescer na estima do grande dom do ministério sacerdotal.

“Aproveito esta ocasião para agradecer desde já a quantos se comprometerem no empenho de organizar a Visita Apostólica e a Missão, assim como os tantos homens e mulheres que em toda a Irlanda já se comprometeram pela tutela dos jovens nos ambientes eclesiásticos.

Desejo concluir esta Carta com uma especial Oração pela Igreja na Irlanda, que vos envio com o cuidado que um pai tem pelos seus filhos e com o afeto de um cristão como vós, escandalizado e ferido por quanto aconteceu na nossa amada Igreja... Que a Bem-Aventurada Virgem Maria vos proteja e vos guie pelo caminho que conduz a uma união mais estreita com o seu Filho, crucificado e ressuscitado. Com grande afeto e firme confiança nas promessas de Deus, concedo de coração a todos vós a minha Bênção Apostólica em penhor de força e paz no Senhor”.

Vaticano, 19 de Março de 2010, Solenidade de São José

Assim termina o Papa essa carta, que não necessita dizer é muito clara, de tom sincero e humilde da parte do Papa que também disse compartir o sentimento de traição por parte dos fiéis.

Também alguém por aí criticou por falta de medidas concretas, bem como recordou o padre Federico Lombardi S.I., esta é uma carta pastoral, portanto não tem tom administrativo e jurídico, e que essas questões são tratadas diretamente com o Pontífice e os interessados. O Papa ainda assim toca no aspecto do direito canônico e diz como deve ser aplicado como vimos acima.

Eduardo Henrique da Costa

Um comentário:

  1. Que líder de qq tipo tem essa coragem, sinceridade!?. Estamos com o Papa! existem erros,mas com erros vamos pelo processo de purificaçao que fala o Papa!

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário, pergunta ou sugestao: