Estimado leitor do outro lado da tela:
Hoje os convido a refletir, em alguns significados da
parábola do Filho pródigo ou do Pai misericordioso, a luz dos sacramentos.
Vemos como o filho mais novo pede a herança ao seu
pai, e esse lhe dá. Respeita sua liberdade. E seguirá respeitando – a mesmo
quando este quer ir longe da casa paterna. O filho empreende então marcha para
um país longínquo. Afasta – se da casa do pai. Afasta – se da santidade.
Longe do pai, perde o rumo, pensa ser livre, e irá gastar
seu dinheiro de maneira desmesurada, irracional, luxuriosa, até o fim de seus
bens, pensando ser feliz assim. E tudo se acaba. Vem à realidade do fundo do
poço alcançado.
E depois em um tempo de penúria, não sabemos quanto, ele
trabalhará cuidando a porcos e desejará comer ao menos a comida dada a esses
animais, mas nem isso lhe é permitido. Geralmente, vemos essa passagem como uma
condição dura que vive esse filho. Mas vendo o contexto onde foi dita essa
parábola, o mundo judeu, o porco era um animal sujo para os judeus, aquilo mais
impuro que podia haver, era impuro cuidar dos animais impuros, permanecendo longe
da casa paterna, com a sua situação, ele está longe da santidade. Rebaixa tanto
em sua dignidade, ou em sua vida, que comeria inclusive a comida dos animais
que não lhe era permitido comer.
Contudo, tudo isso o leva a recapacitar. Ele reflete: os
empregados do meu pai tem pão abundante. Sente saudade do pão. Saudade, do
ponto de vista de Cristo, da Eucaristia, pois a reconciliação é para ter
comunhão com o altar, ou seja, a confissão é para receber o Pão da Vida que vem
até nós no Altar, e é um Pão abundante, a Eucaristia é sobre abundância.
Pensa as palavras para dizer ao pai quando o
reencontre: ...não sou digno de ser chamado filho, trata – me como um de seus
empregados. Aqui se dá o verdadeiro motivo da sua volta. Volta para comer, mas
não só, vai mais além. Há um desejo de
ser chamado Filho, de ser tratado assim, de recuperar a dignidade
perdida. Então se põe a caminhar rumo à casa do Pai.
Agora vemos o outro lado. O pai todos os dias saía a
esperar o filho. Assim é Deus. Cada dia espera nossa volta.
Anteriormente vemos essa reflexão do filho quando
decide voltar. Mas não sabemos quanto tempo demorou em sua reflexão. Dias,
semanas, meses, anos. Mas o pai soube que ele vinha, pois cada dia saía a
esperar, ou seja, Deus não nos deixa esperando, não nos deixa plantados. Nos Sacramentos
eu não posso não encontrar – me com Ele. Nos Sacramentos sempre está nos
esperando. E o pai não esperava na porta. Ele ia ao encontro, ia até onde o
limite de sua propriedade permitia. E vendo ao longe o filho saiu correndo ao
seu encontro. Os sacramentos sempre são encontros. Deus vem ao nosso encontro.
Abraçou – o. Cobriu – lhe de beijos. Depois fez que
trouxessem roupas, um anel, as sandálias, o cordeiro para matar, celebrar e
fazem um banquete, porque estava morto e agora vive, estava perdido e foi
encontrado. E por último ao chegar o filho mais velho, escuta música, cantos de
alegria.
Aqui em cima temos o código, a maneira simbólica
utilizada pela Sagrada Escritura para falar do perdão.
Os beijos nos fazem recordar o Cântico dos Cânticos: doces
são os beijos da sua boca. Transpassa – se a linguagem para falar do amor
nupcial, do amor de Deus pelo seu povo, e agora para falar do amor do pai pelo
filho.
A roupa. A palavra grega é a mesma (stolein) utilizada por Deus quando fala
com Adão depois de pecar. Em grego São Lucas escreve proto stolein – o primeiro vestido – ou seja, reveste o filho com
essa roupa de justiça e santidade, essa condição que antes da sua partida
tinha. Com essa roupa o pai veste o filho, com a luz do beijo dado.
O anel restabelece a aliança. Deus sempre é fiel. E
devolve essa aliança de amor, quando nós voltamos a Ele.
Assim como o filho caminha para longe, suja suas
sandálias, agora para entrar na casa paterna, ele recebe novas sandálias, sinal
dessa volta, e desse novo caminho empreendido a partir de agora novamente com o
pai.
O cordeiro, morto, imolado nos dá a reconciliação. Na
eucaristia celebramos ao mesmo tempo a morte do cordeiro, e também se dá o
banquete. É um mistério de morte e vida. A confissão está sempre intimamente
ligada com a participação na Santa Missa. A confissão se faz com esse objetivo,
a comunhão com Deus. Fazemos o memorial da morte e ressurreição do Senhor, celebrando
a Eucaristia com músicas e cantos que mostra a alegria que será resumida e
expressada no fim da missa, pelo Ide em paz e o Senhor os acompanhe.
O mais velho, fica nervoso com a festa dada ao irmão arrependido,
reclama ao pai, negando – se entrar em casa. Ele esqueceu o principal. Reclama
de coisas materiais, de não ter um cordeiro para celebrar com seus amigos... Preocupou
– se demais com o ter. E acabou esquecendo o ser. E o principal é o seu ser
filho, pois tudo que é do pai também dele.
Enfim, filhos pródigos somos todos nós. A parábola
desse filho é a história de nossa vida. Ainda se nos afastamos do Pai, por mais
longe que possamos ir, Ele sempre estará esperando ansioso a nossa volta, com
os braços abertos. Porém, ninguém pode caminhar por você, ou por mim. É
necessário recapacitar. Pensar. Ver o erro. Não ficar remoendo o passado.
Arrepender – se. E começar a caminhar. Ele estará sempre ansiando para outra
vez fazer – nos tomar parte da comida que nos dá Vida, para revestir – nos com
seu amor e graça.
Eduardo Henrique da Costa.
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